20 de dez. de 2023

Poema


 


(Ar)Dor

 

Teu cheiro ainda está no meu travesseiro

No meu sofá, na minha pele

E na roupa de cama

Que eu ainda insisto em não lavar

 

Teu cheiro impregnou pela casa

Grudou nos meus gatos

E invadiu a minha vida

Teu cheiro de ferida aberta

Persiste no ar

(Quanto a sua falta, eu prefiro nem comentar)

 

Você tem essa mania feia de sorrir

E fazer o mundo parecer mais bonito

Fazer sentido em meio ao caos

Uma mania feia de ser sol

Em meia noite

 

De me dar insônia

E motivos para acreditar

Numa vida otimista 

Você tem uma mania feia do seu cheiro

Me fazer sorrir e arruinar minha vida


(Isso é pura maldade)


Mania feia do seu cheiro

Que poderia ser tanta coisa 

Mas tem cheiro de saudade

 

.

(Romulo Chaul)

 

 

 

 

 

 

 

 


30 de out. de 2023

Poema


 Ânsia 


Já dizia o ditado: 

Um amor em cada Porto


E eu quem nem conheço 

Essa cidade

Mas releguei a ela amor e coração

Guardados


Meu oposto complementar

Que ficou mais longe do que perto

E mesmo assim faz crescer 

A necessidade de tê-la 


Logo ela,

Tela de tanto sentimento puro

Logo ela, 

Dona de pensamentos impuros 

Logo ela…


E dizer que sinto sua falta

Parece redundante 

Parece petulante

Parece nem expressar o que sinto 


Seu abraço que me tira toda ruindade

Sua risada que me deixa a garagalhar

Seu amor que cura e me da aula


Quanto mais tempo eu terei que ser só

Se poderia ser lar com Maria Paula? 


.

(Romulo Chaul)

13 de set. de 2023

Poema


 

Intercâmbio

 

Ela mal chegou e já mudou
O meu lado da cama
Meu lado do sofá
Meu jeito de pensar como viver
A vida


Ela já me deixou cheio de manias
Com seu jeito de falar
E entrou pra ver
Quanto tempo demorava pra se chamar:
Lar 


E eu amei rápido
Amei ligeiro, como quem percebe
A chance de uma vida
Fechei feridas
E me lancei nos seus braços e sorriso

 

(Passei cada segundo desejando
Que o tempo parasse e eu ficasse sempre ao lado dela)


Eu quis morar no seu peito
E a fiz de templo, leito e moradia
E vivi cada dia, mesmo sabendo que ela iria mudar
Ela mal chegou
E já me negou a vontade de sonhar
Ela mal chegou e já mudou


E agora como eu peço pra ela voltar?

.

(Romulo Chaul)

24 de jul. de 2023

Poema


 

Imprevisto


Eu estava em paz

Eu estava plena 

Eu tinha plena convicção

Que era só mais um dia casual

Que era um aniversário normal

De quinta-feira


Eu era a própria bobeira

Me entregando em sua mão


E então bateu


O olhar cruzado

O sentimento pregado

A vinho e pão


Eu era a pura cilada

Querendo rir no seu colchão.


E agora talvez 

Eu fique procurando seus olhos por aí…

Apenas talvez 


E apenas talvez eu te olhe pra sempre

Desse jeito que eu não sei explicar

E beije sua boca como se fosse 

A primeira vez 


E meu riso fácil e frouxo

Talvez seja fácil e frouxo quando você 

Faz rir

Quando me faz sentir sem graça

Sem calma ou sem roupa


E talvez eu te provoque 

Te deixe com tesão

E não deixe pra amanhã

Não deixe pra depois

Pra sentir tudo que é preciso 

Nessa nossa estranha insensatez. 


Isso tudo

Mas apenas talvez


.

(Romulo Chaul)

11 de jul. de 2023

Poema


 


Marcha

 

Eu me peguei fugindo madrugada afora
Indo embora
Arrastando meus miúdos pela cidade
Arrastando vontade, vida
E necessidade de me perder


E te vi
Do outro lado da via
E lembrei há quanto tempo eu queria
Sofrer em seu padecer


Agora meu dia a dia é te querer


E nem foi preciso muito
Foi de outros carnavais que te conheci
Você me ganhou em uma conversa
E eu passei uma vida
Uma festa
Fantasiando nós dois


Que nunca fomos mais
Que nunca fomos além
Que nunca passamos de um mero
Falsete


Hoje me pergunto aos filhos de Gil
O que é que tem por trás
Desses seus olhos verdes?


.

(Romulo Chaul) 


4 de jul. de 2023

Poema

 



Credo


Eu que fiz de você amor e vida

Tão depressa

Desaprendi a amar e viver

Fui ver

Quanto brilho ainda tinha na retina

Quão forte ainda batia

A sina de te querer


É menina, você já foi razão do meu sofrer


E mesmo assim

O amor se estrepou em feridas

Esborrachou no céu da sua neblina

E fez do dia, noite

Fez do clímax

Açoite da sorte de te amar


É menina, você já foi razão do meu penar


Hoje, distante o leito

Distante o peito

Distante tudo que já fomos nós

E mesmo assim

Uma constante perpetua

O fel que foi ser tua

Nesse longínquo obliquo de nós dois


É menina, você é a razão

O fim

O começo

E quem sabe o depois...

.

(Romulo Chaul)