17 de abr. de 2015

Poema



Visita

Ontem eu te segurei no colo
E pela primeira vez te vi chorar
Vi largar
Aquela  máscara de mulher forte
De mulher faceira
Que vive a vida como Beauvoir

Ontem
Tudo que foi preciso
Foi um abraço
Plenas verdades e um zé moleza

Foi confiar que a caça
Não ia te avançar
E se deixar ser presa
Permitir sorrir
Depois de botar a cara à mesa
E descongelar esse coração vadio

Ontem tudo que foi preciso:
Eu, você e um quarto vazio...

.

(Romulo Chaul)

15 de abr. de 2015

Poema


Farsa

Até quando
Você acha que vou mendigando
Carinho, amor, afeto
Mendigando você por perto
Ou ser tratado bem

Ser tratado de acordo
Com o amor
Que diz ter posto
Sobre mim?

Não sei dizer
Mas cansa
Andar nessa corda bamba
Que é te querer e ter que te repudiar
Dizer eu te odeio
E se entregar no olhar cabisbaixo
Se entregar embaixo dos lençóis
(Nada mais a declarar)

É tudo farsa que faço
E refaço sempre que rola saudade
Sempre que rola aflição

Eu mesmo me entrego no pulo
Quando toca aquele nosso refrão

I wanna be yours

.
(Romulo Chaul)

13 de abr. de 2015

Poema


Meia Boca

Tem uma coisa
Que não disfarço
Nem que eu queira

O largo sorriso
Que me vem
Ao te ver

Ter cuidado

- Nada, bobeira!

Escancaro torto
Amarelo,
Esganiçado

Sorriso dado
Que não percebo
Daqueles que ilumina o dia

Daquele que dou com boca
Os olhos
E quem diria

Você!

O melhor sorriso que dou sem perceber

.

(Romulo Chaul)

8 de abr. de 2015

Poema



Rotina

Eu sempre me iludo com seu bom dia
E caio na armadilha desse seu sorriso
Torto e exagerado
Que esgoela
Como quem pede socorro

De posto:
Não sustenta os próprios pés no chão

Eu ainda tenho a péssima mania
De querer você do lado
Me dizendo tudo que faço de errado
Como se fosse punição demais
Receber essa nesga de amor

Pouco
Escasso
E redundante

Relutante:
Bêbada, sempre sirvo de travesseiro e colchão

Aí você sai do banho
E eu fico puxando seu cabelo molhado

E nem lembro mais o motivo de tanta reclamação

.

(Romulo Chaul)