30 de jun. de 2011

Poema


Didática


Exclamação
Que havia, restou ponto!
Ponto final do silêncio
Que anuncia o vácuo

.
Fato
.

Deixou rastro no chão.


Há de ter volta?
Vírgula torta do nosso
Sujeito Composto.
Deposto de dores tais
Avais que transparece o verbo
Inferno em promoção?


Remoendo remorso
Ex-posto na relação.


Coloca de lado a metáfora
A metonímia e a hipérbole
O que deve e quem bebe
Restando nada
Do que um dia exalamos.


Nós.


Nós dois do avesso
Nós dois,
Espelho da decepção
Tão certos de orgulho
Tão tontos de razão.


Nós,
Delírios de quem diria
Rima fraca da poesia
Advérbio de negação


.
(Rômulo Chaul)

10 de jun. de 2011

Poema

Sede


Eu disse: eu te amo
Ele disse: eu sei
Um cheiro no pescoço
E se foi.


Deixou apenas
Meus olhos molhados
De saudade
Minha dedicação pra vida toda
E a descoberta do amor.


Pra que tamanha maldade?


Pra me deixar mais vulnerável.
Mais frágil a sentimentos
Que sempre afastei
E tudo que agora sei
É o tamanho da dor.


Rima que dilacera
Esse meu peito amador.


Resta agora eu só
Meus poemas, cinemas e clichês
E o desabafo no caderno em branco
Dói, dói tanto que nem devia.
Dói tanto que eu nem sabia
(Ou podia imaginar)


Nós dois na rua vazia
Sem a menor fome
E ainda assim famintos.
Sedentos, bem mais que tantos,
Excitados como quem peca.
Éramos nós dois.


Rima essa que agora seca.


.
(Rômulo Chaul)

3 de jun. de 2011

Poema

Hiato


Dois estranhos à distância
Dois estranhos no ninho
Dois estranhos
E no meio do caminho
Desolação


Passa uma vida
E tudo volta
Estaca zero,
Meia volta ao início


Ele e você
E eu perdido no meio
Cansado desse suplício
Cansado de tanta festa.


Eu errei.
Eu não devia estar ali
Eu não cabia
No meio de vocês dois
Eu era só mais um
Compondo a peça

...

Eu era o eu lírico sofrendo a beça


.
(Rômulo Chaul)