6 de dez. de 2012

Poema




Mudo

Escassa desse jeito
No leito
Que eu de roga
Domei pra meu
E disse a toda prova:
Sou seu, Senhora!

Mostro um lado
Fraco e ralo
Como quem paga amor
Por hora

De ponto morto
Sabendo aos poucos
Sufocar o que grita:
Estou pronto!
(mentira)

Limpa um pouco
Do amor rouco
Que rasgara
Outrora
E me faz rir

Força no ato
Do contato
O pensamento de desistir

.
(Rômulo Chaul)

5 de nov. de 2012

Poema


Deleite

Você que usou
E abusou
De carinhos, carismas
Beijos e afagos
Tem agora
Do outro lado
A rotina da decepção

Volta
Dando meia volta
Ao início
Princípio do que era:
Desilusão

Não mais Paris
Ao meu lado
Não mais risos largos
De quem prova
Liberdade

Você já tem a idade
Pra decidir
Já tem a cara à tapa
Doida pra ferir

Foi você quem escolheu
Seus próprios motivos
Pra sorrir

.
(Rômulo Chaul)

6 de set. de 2012

Poema




Leitura

Nessa zona
Nesse espaço
Busco no cigarro
Companheiro de solidão
Um pouco mais
Desse nosso leito
Rarefeito
Em meio à podridão

Entre trucos e cachaças
Verdades que a vida revela
É somente nela
Buracos de afeição
Que me busco pleno
Imperfeito
Em meio à multidão

Musa singela?
Pratos desfeitos de atenção
Que em si
Protela
Leitos frios de devoção

Moça e pinguela:
Passos largos de rejeição

.
(Rômulo Chaul)

28 de ago. de 2012

Poema



Tara

Entre beijos e marcos
Pescoços amargos
Do meu bem querer
Quero mais marcas
E tragos
Perfumes escassos
Desse fuzuê

Sabe quantos
Lados
Que esse amor
Casto
Faz de tudo que quer?

Vem dado

Que o lado errado
Do seu bem me quer
Me faz escravo
Desse amor aos pigarros

E lambe o tanto que der

.
(Rômulo Chaul)

23 de ago. de 2012

Poema



Madrugada

Num sussurro
Quase mudo
Que vem
No escuro do quarto
Enquanto tramo
Outras tantas
Tranças de pernas

E o segundo
Quase surdo
Molhando outros
Tantos pulos:
Gritos que parecem guerra

São só gemidos de libertação

O bafo quente
Ao pé do ouvido
Entre dentes, lambidas
Gozo e gemidos
E a cara safada pedindo:
Bis

É só veneno de escravidão

Roça um tanto mais
Que eu assumo que quis:

Esse abraço,
O único lugar que me faz feliz

.
(Rômulo Chaul)

4 de jun. de 2012

Poema




30/05 – 2

E então
Você voltou

Tão carregada de saudades
A mala cheia de sorrisos
E o abraço,
Meu melhor lugar comum

Voltou de cheiro
Inteiro
E o cristal?
Continua sem risco algum

Não solta mais do meu lado
Me deixando descalço
De companhia
Propondo folias em países
Tais

Dizem que a falta
Faz,
Um tanto mais de bem
Levando o amor mais a fundo

Não esquece:
Eu continuo levando muito a sério
A história de te fazer
A mulher mais feliz do mundo

.
(Rômulo Chaul)

29 de mai. de 2012

Poema



30/05

Está acabando
Está voltando

Você vai chegar

O que vai trazer na bagagem,
Se terá vantagem ou
Se mal vai fazer,
Cabe ao amanhã
Revelar ao nosso viver

Cabe o resto de mim
Que falta: Você

Que tanta falta fez
Deixando estancada
Na minha própria tez
Motivos pra não levantar:

Falta um dia ainda
E eu não vejo a hora dele acabar.

.
(Rômulo Chaul)

22 de mai. de 2012

Poema



Confissão

Então você foi
Eu fiquei

A dor da partida
Sempre rasga mais
Naquele que fica
Sentindo cheiro da saudade
Deixado no travesseiro,
Companheiro de solidão

Não tive coragem ainda
De recolher as nossas roupas sujas
Deixadas pelo chão

Nosso colchão de ar
Sofá de tantos chamegos bons
Fica agora murcho
Assim como a cama
Que só arrumei de bom tom

Eu sei que é temporário
Que o começo vai voltar
No final da brincadeira
E que não devo dar bandeira
De que você faz falta

Faz.
Falta.

Não sei lidar bem comigo
Quando falta você ao lado
Quando não tenho bocados
De carinhos de você
Quando a vida me deixa por um triz

Mas não se preocupe
Eu estou bem.
Só não estou feliz.

.
(Rômulo Chaul)


16 de mai. de 2012

Poema


Ego

Eu sou a memória
De todas as minhas mulheres tristes
Umas putas, outras puras
Reflexo e lagrima de luxúria
Repartidas em vinho e pão

Eu sou o futuro
De todas as minhas noites sujas
Bêbados e impuros
Que confundem boemia de poeta
Como tolos jogados ao chão

Eu sou a moeda incerta
Que na cruz prega
Amores vãos

Foragido da Batuíra que goza
de mão em mão

.
(Rômulo Chaul)

9 de mai. de 2012

Poema


Equação

Aquilo que outrora
Foi feito de tara e brasa
E machuca e sara
Com o mesmo culhão
Propõe hoje lembranças
Do que achava que era
Saudade mera
Que no fundo:
- Ilusão.

Não se tem no ponto
Final feliz de nós dois
Mais motivos de alegrias
Ou prantos

Não se tem mais tantos
Amores e heresias
Promessas tardias
Ditas em vão

Visto que a figura
De amor e encantamento
Tornou-se mais lamento
Com o que veio depois
Anoitece a vista:

- Não mais nessa soma 1 e 1 dá 2

.
(Rômulo Chaul)

25 de abr. de 2012

Poema



Jogo

Esse não é o momento
Eu não estou pronto ainda
Ainda não curei feridas
Feitas a quatro mãos

As minhas, as suas
Que na cumplicidade dos anos
Feitos de prantos e amor
Deu tantos panos pra manga
(Conversas de tino e cor)

Não foi fácil
Mas a força pra dizer:
Não!
Veio do jargão
“Não quero sofrer”

Cansei de ter que escolher
Entre eu, você
Seguir a dois ou

Como se sóis
Dependesse disso
(É você no abismo fitando solidão?)

Não quero esperar
Amanhecer
E a gente voltar a ser mais
Pra ver se dissipa
A neblina

Cansei de ter que apostar nesse amor
Cheirando a naftalina.

.
(Rômulo Chaul)

17 de abr. de 2012

Poema


Quase


Farei da sapiência
Desse beijo
Um prêmio
Difícil de engolir
No esquecimento


Qual parte será lamento?
Qual parte será perdão?


Cabe ao algoz do crime
Tempo
Proferir arrependimento
Ou não.

Qual parte será julgamento?
Qual parte será tesão?


Se o atrito do contato
De amor secreto
Disposto de imaginação


Pode sentir o gosto
Do pecado imposto
Fardo lotado de proteção


Diz aos berros:

- Evitei o beijo em vão


.
(Rômulo Chaul)

12 de abr. de 2012

Poema


Cantiga


Faço charme
Você disfarça
Finge que nem vê


Lanço-me poeta
Fazendo cena
E propondo duras penas
A esse olhar


Cruzo Ipanema a nado
E você nada ao declarar:


Então?


Mas se calo
Finjo no estalo que não estou
A fala
Muda
Diz agora:
“Faz parte do meu show”


E se empolgo
Rogo pelo seu esgar
Faz do show palhaçada
Rima escassa de apresentação.


Morre de sono a espera
Presa no seu refrão.


.
(Rômulo Chaul)

22 de mar. de 2012

Poema

Meia fase/Meio tom
(Breu)

Vem
Me encosta
Me roça com esses lábios
Me enche de afagos
Que não canso de esfregar


Vem
Me encoxa
Mostra o caminho
Os mamilos
As curvas
Me deixa com as vistas turvas
(De tanto saciar)


De tanto saciar
O suor desse atrito
Sussurros e gemidos
O cheiro e a pressão


Vem
Vem ver quão bom
Pode ser
No quarto, na sala
Na porta de entrada
No meio do chão.


Vem ver a escuridão
Virar brilho
E te fazer embriagar


Vem comigo gozar.


.
(Rômulo Chaul)