25 de abr. de 2012

Poema



Jogo

Esse não é o momento
Eu não estou pronto ainda
Ainda não curei feridas
Feitas a quatro mãos

As minhas, as suas
Que na cumplicidade dos anos
Feitos de prantos e amor
Deu tantos panos pra manga
(Conversas de tino e cor)

Não foi fácil
Mas a força pra dizer:
Não!
Veio do jargão
“Não quero sofrer”

Cansei de ter que escolher
Entre eu, você
Seguir a dois ou

Como se sóis
Dependesse disso
(É você no abismo fitando solidão?)

Não quero esperar
Amanhecer
E a gente voltar a ser mais
Pra ver se dissipa
A neblina

Cansei de ter que apostar nesse amor
Cheirando a naftalina.

.
(Rômulo Chaul)

17 de abr. de 2012

Poema


Quase


Farei da sapiência
Desse beijo
Um prêmio
Difícil de engolir
No esquecimento


Qual parte será lamento?
Qual parte será perdão?


Cabe ao algoz do crime
Tempo
Proferir arrependimento
Ou não.

Qual parte será julgamento?
Qual parte será tesão?


Se o atrito do contato
De amor secreto
Disposto de imaginação


Pode sentir o gosto
Do pecado imposto
Fardo lotado de proteção


Diz aos berros:

- Evitei o beijo em vão


.
(Rômulo Chaul)

12 de abr. de 2012

Poema


Cantiga


Faço charme
Você disfarça
Finge que nem vê


Lanço-me poeta
Fazendo cena
E propondo duras penas
A esse olhar


Cruzo Ipanema a nado
E você nada ao declarar:


Então?


Mas se calo
Finjo no estalo que não estou
A fala
Muda
Diz agora:
“Faz parte do meu show”


E se empolgo
Rogo pelo seu esgar
Faz do show palhaçada
Rima escassa de apresentação.


Morre de sono a espera
Presa no seu refrão.


.
(Rômulo Chaul)