1 de out. de 2015

Poema





Oralidade

O que eu sinto
Escondo muito bem
Daquele jeito
Que só se revela
Quando a gente se vê:

Olho no olho, faísca no ar.

Queria te agarrar
Pra matar essa saudade
E tirar mil dúvidas

-Você sempre vai me causar poesia

Quero te usar
Durante algumas horas
Alguns dias
Até arrotar você
E saber:

Você ainda tem cheiro de biscoito?

Ninguém mata saudade
Engolindo vontade
Ninguém mata saudade
Engolindo coito

Vem
Nu e cru
Prefiro que seja assim

Minhas pernas ao redor da sua cara
Enquanto se emborca
E escancara a tara
E me chupa:

Inteira
Tim tim por tim tim

.
(Romulo Chaul)

5 de mai. de 2015

Poema



Nostalgia

Vale abraço apertado
Beijo roubado
E reciprocidade
Pra ser duradouro

Lembrar do passado
De como tudo foi
De como ontem eu era antes
E tinha pressa
E tinha sede
E ia com medo mesmo
Nessa vontade de morder você

Não queria ter que ser
Cheia de dedos
Mas sim:
Não te desculpo!
(É um direito meu)

Preciso te por na parede
E dar um basta
Nessa situação insustentável

- Que macumba é essa que tem de mim?

(Eu que queria tanta coisa)
Abraço
Sentir você com calma
Saber o que sinto

Desculpa!
Mea culpa, não minto!

Vou arrastando mais prazo
Desse amor que quase foi lindo.

.

(Romulo Chaul)

17 de abr. de 2015

Poema



Visita

Ontem eu te segurei no colo
E pela primeira vez te vi chorar
Vi largar
Aquela  máscara de mulher forte
De mulher faceira
Que vive a vida como Beauvoir

Ontem
Tudo que foi preciso
Foi um abraço
Plenas verdades e um zé moleza

Foi confiar que a caça
Não ia te avançar
E se deixar ser presa
Permitir sorrir
Depois de botar a cara à mesa
E descongelar esse coração vadio

Ontem tudo que foi preciso:
Eu, você e um quarto vazio...

.

(Romulo Chaul)

15 de abr. de 2015

Poema


Farsa

Até quando
Você acha que vou mendigando
Carinho, amor, afeto
Mendigando você por perto
Ou ser tratado bem

Ser tratado de acordo
Com o amor
Que diz ter posto
Sobre mim?

Não sei dizer
Mas cansa
Andar nessa corda bamba
Que é te querer e ter que te repudiar
Dizer eu te odeio
E se entregar no olhar cabisbaixo
Se entregar embaixo dos lençóis
(Nada mais a declarar)

É tudo farsa que faço
E refaço sempre que rola saudade
Sempre que rola aflição

Eu mesmo me entrego no pulo
Quando toca aquele nosso refrão

I wanna be yours

.
(Romulo Chaul)

13 de abr. de 2015

Poema


Meia Boca

Tem uma coisa
Que não disfarço
Nem que eu queira

O largo sorriso
Que me vem
Ao te ver

Ter cuidado

- Nada, bobeira!

Escancaro torto
Amarelo,
Esganiçado

Sorriso dado
Que não percebo
Daqueles que ilumina o dia

Daquele que dou com boca
Os olhos
E quem diria

Você!

O melhor sorriso que dou sem perceber

.

(Romulo Chaul)

8 de abr. de 2015

Poema



Rotina

Eu sempre me iludo com seu bom dia
E caio na armadilha desse seu sorriso
Torto e exagerado
Que esgoela
Como quem pede socorro

De posto:
Não sustenta os próprios pés no chão

Eu ainda tenho a péssima mania
De querer você do lado
Me dizendo tudo que faço de errado
Como se fosse punição demais
Receber essa nesga de amor

Pouco
Escasso
E redundante

Relutante:
Bêbada, sempre sirvo de travesseiro e colchão

Aí você sai do banho
E eu fico puxando seu cabelo molhado

E nem lembro mais o motivo de tanta reclamação

.

(Romulo Chaul)

26 de mar. de 2015

Poema



Rascunho

Eu sempre ensaio
A responder
Tuas pequenas alfinetadas

Aquelas:
Singelas e sutis
Que só quem já passeou
Nos teus precipícios
Sabe

É nas entrelinhas
Dos teus desabafos
Cansados de tanto gritar:

-Te esqueci!

Que ressoam os fatos:

Esqueceu tanto
Que ainda bebes
Da fonte dos meus tatos
E me (d)escreves
Como outrora te fiz


.
(Romulo Chaul)

25 de mar. de 2015

Poema



Nota Mental

Ela gosta de sacanagem
Mulheres nuas
E outros tantos clichês
Melodramáticos
Desse começo de século 21

Ela gosta do calor
Da prosa
Do sabor da nossa solidão em comum

Feminista e fria
Sabe ser vadia quando a querem nua

-Personagem

Às vezes sorriso
Às vezes viagem
Chorando de madrugada
Relembrando amores vãos

Sábado de noite, rodando sem freio
Desfilando seu veneno (vestido) preto
Mostrando à olhares alheios
A arte de se jogar no chão

-Um drink e meio

Ela exibe e eu de canto
Sempre de olho
Me escondendo enquanto babo

(Me surpreende ao pé do ouvido)

-Saudade do teu rabo!

.
(Romulo Chaul)


24 de mar. de 2015

Poema



Rabisco

Não adianta
Para!
Não disfarça
Que não há mais jeito

Já cravou fundo no peito
Com suas garras
Suas amarras de mulher feita
Escondida no personagem
De menina

Te conheço por outros canais
Por outros climas

Sai dessa saia
E mostra como se dança
A valsa dessas suas coxas
Que tanto me fascinam


.
(Romulo Chaul)

6 de mar. de 2015

Poema



Ensejo

Eu tenho inveja dos casais
Dos mais banais
Aos atrevidos
Dos mais coloquiais
Aos desinibidos

Morro e sorrio
Tendo inveja dos casais
Daqueles que já vi
Sem ter vivido

Bicho tosco
Morto
Em faniquito

Tenho inveja dos casais
E ponto.

Mas nem sei se acredito


.
(Rômulo Chaul)