9 de dez. de 2014

Poema



Foi samba

Fiquei amolecida
E com vontade de te dar uns pegas

É uma pena
Não ligo por receio, remorso
Ou qualquer porra assim

Você, cicatriz de guerra
Orgulhosa, estampada no peito
Depois de alguns tantos versos imperfeitos
Para criar os meus.
Num susto,
Impulso estranho
De me surpreender

Padecer.
Medo do que sinto por dentro
Pecado. Alento.
Evoluir pra viver sem alarde

Alheio à vontade que toca
Sem jamais duvidar dos olhares:
Aqueles.
Poéticos e sofridos
Sem muito conforto no chão.

Reticencias recorrentes,
Mal resolvidas no nosso refrão.

.

(Rômulo Chaul)

20 de out. de 2014

Poema



Outubro

Um estorvo, estalo
Faz de tudo um caso
E calo

Tanta sensação
De poder, tocar
E não ter direito nenhum sobre

Foliar

E volta sambando
Sobre a esmola de sobreviver

Sumir, fugir, calar...
Esquecer que existe palavra
Que me leva

Outro lado.

Outra dose de espanto
Pra esse poeta domesticado.


.
(Rômulo Chaul)

20 de mai. de 2014

Poema




Dicotomia

Eu gosto das coisas simples
De dormir, acordar e dormir de novo
Eu gosto de coberta enrolada
Perna cruzada e braço dormente

Eu gosto daquele olhar
Carente e também voraz
Que ás vezes você me lança

Eu gosto quando a dança nos leva a desabrochar

(Eu gosto das coisas simples)
De me lambuzar, roçando no seu seio
Te abraçando em meio a olhares alheios
Em lugares impróprios
Sendo incorreto e até vulgar

São as pequenas nuances
Do seu lábio
A cara brava, irritada
Que sempre me colocam no meu lugar

- Eu sinto muito se ás vezes não sei me comportar.

Mas o jeito que você coloca o pé sobre o meu
E chama meu (sobre)nome na hora de gemer
Isso tudo me fascina.

Eu gosto das coisas simples
De ter você por perto, do lado
E em cima.

.
(Rômulo Chaul)





15 de abr. de 2014

Poema




Inquilino

Quanto tempo gasta
Pra dar uma pausa
Nesse redemoinho
De poder
E não dar basta?

Dormindo do lado errado,
No cômodo errado
Das idas e vindas
De seus rompantes de
Aventura e diversão

Quão transviadas e suadas
Estão as roupas jogadas pelo chão?

Passo em falso
Essa distância forçada
Essa mudança pro quarto ao lado
No quarto tempo de vida

Essa tentativa atrevida
De manter acesa a chama,
De manter acesa a cama
Que você sofria em fingir querer

-Quanto tempo tudo leva pra se esclarecer?

.
(Rômulo Chaul)

28 de mar. de 2014

Poema




Relance

Eu não sei nada da sua vida
Não sei nada
Das idas e vindas
De querer ser
Você

Não sei com quantos
Metros quadrados
De escárnios,
Esconde seu padecer

Mesmo assim,
De longe,
Vigio os passos mais
Rasos da sua rotina

Vigio, não nego,
Como filho pequeno
Escondido atrás
Da cortina

- Quão doce deve ser o cheiro
Das suas conversas de botas batidas?!

.

(Rômulo Chaul)