24 de jul. de 2023

Poema


 

Imprevisto


Eu estava em paz

Eu estava plena 

Eu tinha plena convicção

Que era só mais um dia casual

Que era um aniversário normal

De quinta-feira


Eu era a própria bobeira

Me entregando em sua mão


E então bateu


O olhar cruzado

O sentimento pregado

A vinho e pão


Eu era a pura cilada

Querendo rir no seu colchão.


E agora talvez 

Eu fique procurando seus olhos por aí…

Apenas talvez 


E apenas talvez eu te olhe pra sempre

Desse jeito que eu não sei explicar

E beije sua boca como se fosse 

A primeira vez 


E meu riso fácil e frouxo

Talvez seja fácil e frouxo quando você 

Faz rir

Quando me faz sentir sem graça

Sem calma ou sem roupa


E talvez eu te provoque 

Te deixe com tesão

E não deixe pra amanhã

Não deixe pra depois

Pra sentir tudo que é preciso 

Nessa nossa estranha insensatez. 


Isso tudo

Mas apenas talvez


.

(Romulo Chaul)

11 de jul. de 2023

Poema


 


Marcha

 

Eu me peguei fugindo madrugada afora
Indo embora
Arrastando meus miúdos pela cidade
Arrastando vontade, vida
E necessidade de me perder


E te vi
Do outro lado da via
E lembrei há quanto tempo eu queria
Sofrer em seu padecer


Agora meu dia a dia é te querer


E nem foi preciso muito
Foi de outros carnavais que te conheci
Você me ganhou em uma conversa
E eu passei uma vida
Uma festa
Fantasiando nós dois


Que nunca fomos mais
Que nunca fomos além
Que nunca passamos de um mero
Falsete


Hoje me pergunto aos filhos de Gil
O que é que tem por trás
Desses seus olhos verdes?


.

(Romulo Chaul) 


4 de jul. de 2023

Poema

 



Credo


Eu que fiz de você amor e vida

Tão depressa

Desaprendi a amar e viver

Fui ver

Quanto brilho ainda tinha na retina

Quão forte ainda batia

A sina de te querer


É menina, você já foi razão do meu sofrer


E mesmo assim

O amor se estrepou em feridas

Esborrachou no céu da sua neblina

E fez do dia, noite

Fez do clímax

Açoite da sorte de te amar


É menina, você já foi razão do meu penar


Hoje, distante o leito

Distante o peito

Distante tudo que já fomos nós

E mesmo assim

Uma constante perpetua

O fel que foi ser tua

Nesse longínquo obliquo de nós dois


É menina, você é a razão

O fim

O começo

E quem sabe o depois...

.

(Romulo Chaul)