19 de out. de 2016

Poema

Ressalva

É muito cedo pra ponto final
É muito cedo pra ter certeza
Nem me lembro direito
Em qual rua eu te vi pela primeira vez
Nem quando foi que topei seu olhar

Você me despertava uma certa curiosidade
Toda vez que eu te pegava olhando pra mim
Despindo minha alma
E me chamando pelo nome

Antes mesmo da gente se conhecer
A minha inquietude e sua explosão
Já reclamavam de fome

Eu, espírito puro
Pura candura, fingindo mal
Mentira na cara dura
Eu, você, vinho:
- Perigo Mortal

E ainda sim, me desvenda
E entende direitinho
Meu lado reservado
Segurando o turbilhão
De apenas ser

Calada, porque sinto demais.
Quieta, tentando entender.

Gosto de lembrar do jeito que me olhava
Mesmo sabendo que as pessoas não gostam
De quem sente demais.
Você desvendou meu coração de louça
Se aproximando de fininho

E agora, depois de tudo
Sussurro ao pé do ouvido:

 - Queria que você visse meu sorrisinho.

.
(Romulo Chaul)

4 de out. de 2016

Poema




Conversa

E tudo veio à tona:
Meios sentimentos retidos a sete chaves
Brotaram no meio daquilo
Que deveria ser libertação

E de tudo mais
Nem o pó sobrou

Os ovos, pisados em panos quentes
Estouraram a verdade de jeito
Escancarando defeitos e planos
E a necessidade de se achar

(Seja pra qual for o efeito)
Não é preciso ter alguém a se culpar

E quando o que se anula
Bate de frente com o que busca
A todo custo se conhecer
É mais fácil saber qual dos dois
Anda mais perdido

Qual dos dois anda mais descalço
Qual anda mais ferido

Pelo seu olhar
Me vi relegado ao vento
Feito trapo velho
No chão, despedaçado

E tido como tolo
Repito o mantra:
“Os amores mais bonitos são
Aqueles que nunca foram usados”

.
(Romulo Chaul)