16 de mai. de 2012

Poema


Ego

Eu sou a memória
De todas as minhas mulheres tristes
Umas putas, outras puras
Reflexo e lagrima de luxúria
Repartidas em vinho e pão

Eu sou o futuro
De todas as minhas noites sujas
Bêbados e impuros
Que confundem boemia de poeta
Como tolos jogados ao chão

Eu sou a moeda incerta
Que na cruz prega
Amores vãos

Foragido da Batuíra que goza
de mão em mão

.
(Rômulo Chaul)

9 de mai. de 2012

Poema


Equação

Aquilo que outrora
Foi feito de tara e brasa
E machuca e sara
Com o mesmo culhão
Propõe hoje lembranças
Do que achava que era
Saudade mera
Que no fundo:
- Ilusão.

Não se tem no ponto
Final feliz de nós dois
Mais motivos de alegrias
Ou prantos

Não se tem mais tantos
Amores e heresias
Promessas tardias
Ditas em vão

Visto que a figura
De amor e encantamento
Tornou-se mais lamento
Com o que veio depois
Anoitece a vista:

- Não mais nessa soma 1 e 1 dá 2

.
(Rômulo Chaul)

25 de abr. de 2012

Poema



Jogo

Esse não é o momento
Eu não estou pronto ainda
Ainda não curei feridas
Feitas a quatro mãos

As minhas, as suas
Que na cumplicidade dos anos
Feitos de prantos e amor
Deu tantos panos pra manga
(Conversas de tino e cor)

Não foi fácil
Mas a força pra dizer:
Não!
Veio do jargão
“Não quero sofrer”

Cansei de ter que escolher
Entre eu, você
Seguir a dois ou

Como se sóis
Dependesse disso
(É você no abismo fitando solidão?)

Não quero esperar
Amanhecer
E a gente voltar a ser mais
Pra ver se dissipa
A neblina

Cansei de ter que apostar nesse amor
Cheirando a naftalina.

.
(Rômulo Chaul)

17 de abr. de 2012

Poema


Quase


Farei da sapiência
Desse beijo
Um prêmio
Difícil de engolir
No esquecimento


Qual parte será lamento?
Qual parte será perdão?


Cabe ao algoz do crime
Tempo
Proferir arrependimento
Ou não.

Qual parte será julgamento?
Qual parte será tesão?


Se o atrito do contato
De amor secreto
Disposto de imaginação


Pode sentir o gosto
Do pecado imposto
Fardo lotado de proteção


Diz aos berros:

- Evitei o beijo em vão


.
(Rômulo Chaul)

12 de abr. de 2012

Poema


Cantiga


Faço charme
Você disfarça
Finge que nem vê


Lanço-me poeta
Fazendo cena
E propondo duras penas
A esse olhar


Cruzo Ipanema a nado
E você nada ao declarar:


Então?


Mas se calo
Finjo no estalo que não estou
A fala
Muda
Diz agora:
“Faz parte do meu show”


E se empolgo
Rogo pelo seu esgar
Faz do show palhaçada
Rima escassa de apresentação.


Morre de sono a espera
Presa no seu refrão.


.
(Rômulo Chaul)

22 de mar. de 2012

Poema

Meia fase/Meio tom
(Breu)

Vem
Me encosta
Me roça com esses lábios
Me enche de afagos
Que não canso de esfregar


Vem
Me encoxa
Mostra o caminho
Os mamilos
As curvas
Me deixa com as vistas turvas
(De tanto saciar)


De tanto saciar
O suor desse atrito
Sussurros e gemidos
O cheiro e a pressão


Vem
Vem ver quão bom
Pode ser
No quarto, na sala
Na porta de entrada
No meio do chão.


Vem ver a escuridão
Virar brilho
E te fazer embriagar


Vem comigo gozar.


.
(Rômulo Chaul)

15 de mar. de 2012

Poema

Voyeur


Você quando está bêbada
Esquece completamente
Que está acompanhada
Esquece que tem alguém
Que tem que cuidar
O que importa é a diversão


Foda-se quem está perto
Nesse seu destino incerto
De amar
E dar satisfação


Você quando está bêbada
É alguém que não conheço
Que não combino
Que vejo que desafino
No passo do pesar


É alguém que não canso de olhar


.
(Rômulo Chaul)

14 de mar. de 2012

Poema


Excomunhão


Vai, vaza
Segue a própria desgraça
Enquanto a caça é morta
Mas não te acompanho até a porta
Você sabe por onde sair


Vai, vaza
Pica a mula e faz da farsa
Bobagem pouca
Faz de louca
E finge ser feliz


Faz jogo de meretriz
Dizendo que é valente


Mente!


Diz que a tapa à cara
Você nem sente.


.
(Rômulo Chaul)

13 de mar. de 2012

Poema

Artifício


Vida presa na tela
Da palma da mão
Dela
Sem poder de opinião


Cabe naquele
Tonto
Um conto de noivado
Queimado a ferro e a fogo
Em asas de querubim


(Era?)
Amor!
(Viela do meu botequim)


Não mais a minha
Tatuagem no céu
Da sua boca íngreme


Não mais abraços
Dados passos que oprimem
Vendo escorre saliva
Na testa dos que me dizem:


(Em vão!)


Não mais ameaças
De arrumar comparsas
Pro seu manequim


Encerra-se essa novela
Enquanto lanço meu estopim


.
(Rômulo Chaul)

23 de fev. de 2012

Poema

Desejo


Hoje, amanhã, todos os dias
Você será meu
Não digo pra sempre
Digo pra agora, pra já


Digo vem cá
Fazer da minha cama
Um pouco mais apertada
Um tanto mais quente
Suada
Tingida de gemidos de amor


Vem cá
Trazer barulho pra casa
Bêbado de madrugada
Com a cara deslavada
De menino arteiro


Vem cá de corpo inteiro
Vem me bordar com seu sabor.


.
(Rômulo Chaul)