26 de mar. de 2015

Poema



Rascunho

Eu sempre ensaio
A responder
Tuas pequenas alfinetadas

Aquelas:
Singelas e sutis
Que só quem já passeou
Nos teus precipícios
Sabe

É nas entrelinhas
Dos teus desabafos
Cansados de tanto gritar:

-Te esqueci!

Que ressoam os fatos:

Esqueceu tanto
Que ainda bebes
Da fonte dos meus tatos
E me (d)escreves
Como outrora te fiz


.
(Romulo Chaul)

25 de mar. de 2015

Poema



Nota Mental

Ela gosta de sacanagem
Mulheres nuas
E outros tantos clichês
Melodramáticos
Desse começo de século 21

Ela gosta do calor
Da prosa
Do sabor da nossa solidão em comum

Feminista e fria
Sabe ser vadia quando a querem nua

-Personagem

Às vezes sorriso
Às vezes viagem
Chorando de madrugada
Relembrando amores vãos

Sábado de noite, rodando sem freio
Desfilando seu veneno (vestido) preto
Mostrando à olhares alheios
A arte de se jogar no chão

-Um drink e meio

Ela exibe e eu de canto
Sempre de olho
Me escondendo enquanto babo

(Me surpreende ao pé do ouvido)

-Saudade do teu rabo!

.
(Romulo Chaul)


24 de mar. de 2015

Poema



Rabisco

Não adianta
Para!
Não disfarça
Que não há mais jeito

Já cravou fundo no peito
Com suas garras
Suas amarras de mulher feita
Escondida no personagem
De menina

Te conheço por outros canais
Por outros climas

Sai dessa saia
E mostra como se dança
A valsa dessas suas coxas
Que tanto me fascinam


.
(Romulo Chaul)

6 de mar. de 2015

Poema



Ensejo

Eu tenho inveja dos casais
Dos mais banais
Aos atrevidos
Dos mais coloquiais
Aos desinibidos

Morro e sorrio
Tendo inveja dos casais
Daqueles que já vi
Sem ter vivido

Bicho tosco
Morto
Em faniquito

Tenho inveja dos casais
E ponto.

Mas nem sei se acredito


.
(Rômulo Chaul)

9 de dez. de 2014

Poema



Foi samba

Fiquei amolecida
E com vontade de te dar uns pegas

É uma pena
Não ligo por receio, remorso
Ou qualquer porra assim

Você, cicatriz de guerra
Orgulhosa, estampada no peito
Depois de alguns tantos versos imperfeitos
Para criar os meus.
Num susto,
Impulso estranho
De me surpreender

Padecer.
Medo do que sinto por dentro
Pecado. Alento.
Evoluir pra viver sem alarde

Alheio à vontade que toca
Sem jamais duvidar dos olhares:
Aqueles.
Poéticos e sofridos
Sem muito conforto no chão.

Reticencias recorrentes,
Mal resolvidas no nosso refrão.

.

(Rômulo Chaul)

20 de out. de 2014

Poema



Outubro

Um estorvo, estalo
Faz de tudo um caso
E calo

Tanta sensação
De poder, tocar
E não ter direito nenhum sobre

Foliar

E volta sambando
Sobre a esmola de sobreviver

Sumir, fugir, calar...
Esquecer que existe palavra
Que me leva

Outro lado.

Outra dose de espanto
Pra esse poeta domesticado.


.
(Rômulo Chaul)

20 de mai. de 2014

Poema




Dicotomia

Eu gosto das coisas simples
De dormir, acordar e dormir de novo
Eu gosto de coberta enrolada
Perna cruzada e braço dormente

Eu gosto daquele olhar
Carente e também voraz
Que ás vezes você me lança

Eu gosto quando a dança nos leva a desabrochar

(Eu gosto das coisas simples)
De me lambuzar, roçando no seu seio
Te abraçando em meio a olhares alheios
Em lugares impróprios
Sendo incorreto e até vulgar

São as pequenas nuances
Do seu lábio
A cara brava, irritada
Que sempre me colocam no meu lugar

- Eu sinto muito se ás vezes não sei me comportar.

Mas o jeito que você coloca o pé sobre o meu
E chama meu (sobre)nome na hora de gemer
Isso tudo me fascina.

Eu gosto das coisas simples
De ter você por perto, do lado
E em cima.

.
(Rômulo Chaul)





15 de abr. de 2014

Poema




Inquilino

Quanto tempo gasta
Pra dar uma pausa
Nesse redemoinho
De poder
E não dar basta?

Dormindo do lado errado,
No cômodo errado
Das idas e vindas
De seus rompantes de
Aventura e diversão

Quão transviadas e suadas
Estão as roupas jogadas pelo chão?

Passo em falso
Essa distância forçada
Essa mudança pro quarto ao lado
No quarto tempo de vida

Essa tentativa atrevida
De manter acesa a chama,
De manter acesa a cama
Que você sofria em fingir querer

-Quanto tempo tudo leva pra se esclarecer?

.
(Rômulo Chaul)

28 de mar. de 2014

Poema




Relance

Eu não sei nada da sua vida
Não sei nada
Das idas e vindas
De querer ser
Você

Não sei com quantos
Metros quadrados
De escárnios,
Esconde seu padecer

Mesmo assim,
De longe,
Vigio os passos mais
Rasos da sua rotina

Vigio, não nego,
Como filho pequeno
Escondido atrás
Da cortina

- Quão doce deve ser o cheiro
Das suas conversas de botas batidas?!

.

(Rômulo Chaul)

22 de out. de 2013

Poema



Cego

O peito inchado
E corroído
Doído de maneiras tais
Em frente a olhos vulgares
E mais:

Todos atentos e eu
Aos ventos com sua traição.

Está na cara
Custando os olhos da tara
E ainda sim...

Depois de filmes e livros que li
Concordo com Jeneci:

A gente é feito pra acabar.

.

(Rômulo Chaul)