20 de mai. de 2014

Poema




Dicotomia

Eu gosto das coisas simples
De dormir, acordar e dormir de novo
Eu gosto de coberta enrolada
Perna cruzada e braço dormente

Eu gosto daquele olhar
Carente e também voraz
Que ás vezes você me lança

Eu gosto quando a dança nos leva a desabrochar

(Eu gosto das coisas simples)
De me lambuzar, roçando no seu seio
Te abraçando em meio a olhares alheios
Em lugares impróprios
Sendo incorreto e até vulgar

São as pequenas nuances
Do seu lábio
A cara brava, irritada
Que sempre me colocam no meu lugar

- Eu sinto muito se ás vezes não sei me comportar.

Mas o jeito que você coloca o pé sobre o meu
E chama meu (sobre)nome na hora de gemer
Isso tudo me fascina.

Eu gosto das coisas simples
De ter você por perto, do lado
E em cima.

.
(Rômulo Chaul)





15 de abr. de 2014

Poema




Inquilino

Quanto tempo gasta
Pra dar uma pausa
Nesse redemoinho
De poder
E não dar basta?

Dormindo do lado errado,
No cômodo errado
Das idas e vindas
De seus rompantes de
Aventura e diversão

Quão transviadas e suadas
Estão as roupas jogadas pelo chão?

Passo em falso
Essa distância forçada
Essa mudança pro quarto ao lado
No quarto tempo de vida

Essa tentativa atrevida
De manter acesa a chama,
De manter acesa a cama
Que você sofria em fingir querer

-Quanto tempo tudo leva pra se esclarecer?

.
(Rômulo Chaul)

28 de mar. de 2014

Poema




Relance

Eu não sei nada da sua vida
Não sei nada
Das idas e vindas
De querer ser
Você

Não sei com quantos
Metros quadrados
De escárnios,
Esconde seu padecer

Mesmo assim,
De longe,
Vigio os passos mais
Rasos da sua rotina

Vigio, não nego,
Como filho pequeno
Escondido atrás
Da cortina

- Quão doce deve ser o cheiro
Das suas conversas de botas batidas?!

.

(Rômulo Chaul)

22 de out. de 2013

Poema



Cego

O peito inchado
E corroído
Doído de maneiras tais
Em frente a olhos vulgares
E mais:

Todos atentos e eu
Aos ventos com sua traição.

Está na cara
Custando os olhos da tara
E ainda sim...

Depois de filmes e livros que li
Concordo com Jeneci:

A gente é feito pra acabar.

.

(Rômulo Chaul)

17 de out. de 2013

Poema



Te vejo em fotos
E não reconheço
Não vejo os laços
Que me atraem

Não sinto mais
O mesmo cheiro
De roupa de dormir
Não sinto mais seu calor
Em meus quintais

Sempre foi
O tato
De bom grado dado!
Enfatizei.
E tentei:
Não ser escravo desse amor


Cravo que apertei

.
(Rômulo Chaul)

6 de dez. de 2012

Poema




Mudo

Escassa desse jeito
No leito
Que eu de roga
Domei pra meu
E disse a toda prova:
Sou seu, Senhora!

Mostro um lado
Fraco e ralo
Como quem paga amor
Por hora

De ponto morto
Sabendo aos poucos
Sufocar o que grita:
Estou pronto!
(mentira)

Limpa um pouco
Do amor rouco
Que rasgara
Outrora
E me faz rir

Força no ato
Do contato
O pensamento de desistir

.
(Rômulo Chaul)

5 de nov. de 2012

Poema


Deleite

Você que usou
E abusou
De carinhos, carismas
Beijos e afagos
Tem agora
Do outro lado
A rotina da decepção

Volta
Dando meia volta
Ao início
Princípio do que era:
Desilusão

Não mais Paris
Ao meu lado
Não mais risos largos
De quem prova
Liberdade

Você já tem a idade
Pra decidir
Já tem a cara à tapa
Doida pra ferir

Foi você quem escolheu
Seus próprios motivos
Pra sorrir

.
(Rômulo Chaul)

6 de set. de 2012

Poema




Leitura

Nessa zona
Nesse espaço
Busco no cigarro
Companheiro de solidão
Um pouco mais
Desse nosso leito
Rarefeito
Em meio à podridão

Entre trucos e cachaças
Verdades que a vida revela
É somente nela
Buracos de afeição
Que me busco pleno
Imperfeito
Em meio à multidão

Musa singela?
Pratos desfeitos de atenção
Que em si
Protela
Leitos frios de devoção

Moça e pinguela:
Passos largos de rejeição

.
(Rômulo Chaul)

28 de ago. de 2012

Poema



Tara

Entre beijos e marcos
Pescoços amargos
Do meu bem querer
Quero mais marcas
E tragos
Perfumes escassos
Desse fuzuê

Sabe quantos
Lados
Que esse amor
Casto
Faz de tudo que quer?

Vem dado

Que o lado errado
Do seu bem me quer
Me faz escravo
Desse amor aos pigarros

E lambe o tanto que der

.
(Rômulo Chaul)

23 de ago. de 2012

Poema



Madrugada

Num sussurro
Quase mudo
Que vem
No escuro do quarto
Enquanto tramo
Outras tantas
Tranças de pernas

E o segundo
Quase surdo
Molhando outros
Tantos pulos:
Gritos que parecem guerra

São só gemidos de libertação

O bafo quente
Ao pé do ouvido
Entre dentes, lambidas
Gozo e gemidos
E a cara safada pedindo:
Bis

É só veneno de escravidão

Roça um tanto mais
Que eu assumo que quis:

Esse abraço,
O único lugar que me faz feliz

.
(Rômulo Chaul)