29 de mai. de 2012

Poema



30/05

Está acabando
Está voltando

Você vai chegar

O que vai trazer na bagagem,
Se terá vantagem ou
Se mal vai fazer,
Cabe ao amanhã
Revelar ao nosso viver

Cabe o resto de mim
Que falta: Você

Que tanta falta fez
Deixando estancada
Na minha própria tez
Motivos pra não levantar:

Falta um dia ainda
E eu não vejo a hora dele acabar.

.
(Rômulo Chaul)

22 de mai. de 2012

Poema



Confissão

Então você foi
Eu fiquei

A dor da partida
Sempre rasga mais
Naquele que fica
Sentindo cheiro da saudade
Deixado no travesseiro,
Companheiro de solidão

Não tive coragem ainda
De recolher as nossas roupas sujas
Deixadas pelo chão

Nosso colchão de ar
Sofá de tantos chamegos bons
Fica agora murcho
Assim como a cama
Que só arrumei de bom tom

Eu sei que é temporário
Que o começo vai voltar
No final da brincadeira
E que não devo dar bandeira
De que você faz falta

Faz.
Falta.

Não sei lidar bem comigo
Quando falta você ao lado
Quando não tenho bocados
De carinhos de você
Quando a vida me deixa por um triz

Mas não se preocupe
Eu estou bem.
Só não estou feliz.

.
(Rômulo Chaul)


16 de mai. de 2012

Poema


Ego

Eu sou a memória
De todas as minhas mulheres tristes
Umas putas, outras puras
Reflexo e lagrima de luxúria
Repartidas em vinho e pão

Eu sou o futuro
De todas as minhas noites sujas
Bêbados e impuros
Que confundem boemia de poeta
Como tolos jogados ao chão

Eu sou a moeda incerta
Que na cruz prega
Amores vãos

Foragido da Batuíra que goza
de mão em mão

.
(Rômulo Chaul)

9 de mai. de 2012

Poema


Equação

Aquilo que outrora
Foi feito de tara e brasa
E machuca e sara
Com o mesmo culhão
Propõe hoje lembranças
Do que achava que era
Saudade mera
Que no fundo:
- Ilusão.

Não se tem no ponto
Final feliz de nós dois
Mais motivos de alegrias
Ou prantos

Não se tem mais tantos
Amores e heresias
Promessas tardias
Ditas em vão

Visto que a figura
De amor e encantamento
Tornou-se mais lamento
Com o que veio depois
Anoitece a vista:

- Não mais nessa soma 1 e 1 dá 2

.
(Rômulo Chaul)

25 de abr. de 2012

Poema



Jogo

Esse não é o momento
Eu não estou pronto ainda
Ainda não curei feridas
Feitas a quatro mãos

As minhas, as suas
Que na cumplicidade dos anos
Feitos de prantos e amor
Deu tantos panos pra manga
(Conversas de tino e cor)

Não foi fácil
Mas a força pra dizer:
Não!
Veio do jargão
“Não quero sofrer”

Cansei de ter que escolher
Entre eu, você
Seguir a dois ou

Como se sóis
Dependesse disso
(É você no abismo fitando solidão?)

Não quero esperar
Amanhecer
E a gente voltar a ser mais
Pra ver se dissipa
A neblina

Cansei de ter que apostar nesse amor
Cheirando a naftalina.

.
(Rômulo Chaul)

17 de abr. de 2012

Poema


Quase


Farei da sapiência
Desse beijo
Um prêmio
Difícil de engolir
No esquecimento


Qual parte será lamento?
Qual parte será perdão?


Cabe ao algoz do crime
Tempo
Proferir arrependimento
Ou não.

Qual parte será julgamento?
Qual parte será tesão?


Se o atrito do contato
De amor secreto
Disposto de imaginação


Pode sentir o gosto
Do pecado imposto
Fardo lotado de proteção


Diz aos berros:

- Evitei o beijo em vão


.
(Rômulo Chaul)

12 de abr. de 2012

Poema


Cantiga


Faço charme
Você disfarça
Finge que nem vê


Lanço-me poeta
Fazendo cena
E propondo duras penas
A esse olhar


Cruzo Ipanema a nado
E você nada ao declarar:


Então?


Mas se calo
Finjo no estalo que não estou
A fala
Muda
Diz agora:
“Faz parte do meu show”


E se empolgo
Rogo pelo seu esgar
Faz do show palhaçada
Rima escassa de apresentação.


Morre de sono a espera
Presa no seu refrão.


.
(Rômulo Chaul)

22 de mar. de 2012

Poema

Meia fase/Meio tom
(Breu)

Vem
Me encosta
Me roça com esses lábios
Me enche de afagos
Que não canso de esfregar


Vem
Me encoxa
Mostra o caminho
Os mamilos
As curvas
Me deixa com as vistas turvas
(De tanto saciar)


De tanto saciar
O suor desse atrito
Sussurros e gemidos
O cheiro e a pressão


Vem
Vem ver quão bom
Pode ser
No quarto, na sala
Na porta de entrada
No meio do chão.


Vem ver a escuridão
Virar brilho
E te fazer embriagar


Vem comigo gozar.


.
(Rômulo Chaul)

15 de mar. de 2012

Poema

Voyeur


Você quando está bêbada
Esquece completamente
Que está acompanhada
Esquece que tem alguém
Que tem que cuidar
O que importa é a diversão


Foda-se quem está perto
Nesse seu destino incerto
De amar
E dar satisfação


Você quando está bêbada
É alguém que não conheço
Que não combino
Que vejo que desafino
No passo do pesar


É alguém que não canso de olhar


.
(Rômulo Chaul)

14 de mar. de 2012

Poema


Excomunhão


Vai, vaza
Segue a própria desgraça
Enquanto a caça é morta
Mas não te acompanho até a porta
Você sabe por onde sair


Vai, vaza
Pica a mula e faz da farsa
Bobagem pouca
Faz de louca
E finge ser feliz


Faz jogo de meretriz
Dizendo que é valente


Mente!


Diz que a tapa à cara
Você nem sente.


.
(Rômulo Chaul)