13 de dez. de 2010

Poema


Instrução

Você que me sussurra ao pé do ouvido
Asneiras, besteiras e sacanagens
Que me arranha o corpo
E que me roça com boca cheia
Me joga na cama e bombardeia.
“-Me ama!”

Você que me propõe luz apagada
Entre quatro paredes e porta trancada
Enquanto rouba meu tempo livre
E me propõe com calma
Amor, rasgos e sandices
“-Me inibe!”

Você que nem pestaneja
Pra ser direta e me pede
Com voz concreta:
Me pega com braços firmes!
E que se engana com a força
De quem tem fome.
“-Me come!”

Não se limite:
Abra e depois agite!

.
(Rômulo Chaul)

8 de dez. de 2010

Poema


Desafio

Vai ver eu só precise de um porre,

Um samba e o coração partido

Pra te encontrar.

É sempre assim:

Eu fico feliz e a vida agradece.

Triste mais uma vez e a poesia enobrece.

Será que não dá pra conciliar?

Eu te procuro, te cutuco, me seguro

E nada. Nem uma brecha, nem uma brisa.

Nada além de um sorriso torto,

Um verso mal feito, um fado mal cantado.

Me encanta vai?

Mostra pra mim esse lado idealizado

Que fiz de você.

Me prova que estou certo

Querendo atenção,

Querendo saber se te testo!

Me prova e se lambuza!

Ou vai ficar só com o resto?

.
(Rômulo Chaul)



8 de nov. de 2010

Poema



Opção


Ela é estressada, dramática

Cheia de opiniões.

Entediada com seu final de semana


Ela é crítica, irônica

Cheia de mistérios

Esperançosa em achar quem a ama.


Ela é assim:

Começo, meio e fim

Nem sempre fácil de agradar


Mas tem em si

Algo que atrai; aquele brilho

De quem não deixa a desejar


Ela boteco, cerveja e jornal

Ela é nada de mal

Nessa vida amena.


Ela gosta de sexo

E diz que vibrador

Não é companhia pra cinema


Ela fala, xinga, chuta.

Se tu és a filosofia,

Ela trouxe a cicuta!


.

(Rômulo Chaul)



25 de out. de 2010

Poema


Recado

Fui ver
Quem é que estava ali
Você.
Arrastava a vida
Mas sem viver

Me encobre seu olhar
Canção certa, nota ao ar

Mas o que fazer?
Se o amor não transbordar
Nadar a esmo
Eu sei, tentei.
Você ao me tocar
O mundo tende a respirar

Então fui ver
Todo amor que tem aí
Falta fé
Pra colher
O amor que vier.

Vou juntar
Toda a dor pra não sofrer
E lançar
Fundo ao mar.
Uma chance pra resolver.

Mas o que fazer?
Se o amor não transbordar
Afogar nessa ilusão
Perdão.

Mas é você chegar
A vida tende a melhorar
Só te digo enfim
Vem cá!
Pra mim.

.
(Rômulo Chaul)

6 de out. de 2010

Poema


Diga


“Como deixar claro que eu te quero?

Faço uma graça, tiro a roupa, escrevo um verso?”

Faço piada com piar moderno?

Mostro o lado quieto ou louco?

Penso um pouco, mas nem chego perto.


Até o verso anuncia o incerto.


Não existe bom senso na ilusão.

Se meu olhar nada anuncia

Falta apenas oportunidade para ver

Crer que o parapeito da vida é alguém ao lado

Papo bobo esse, credo chato de se ter?


Como deixar claro que eu te quero?

Chega mais perto, descombina.

Que ao pé do ouvido

Te mostro onde termina a rima.


.

(Rômulo Chaul)

30 de set. de 2010

Poetas e eu

Soneto da devoção

Essa mulher que se arremessa, fria
E lúbrica aos meus braços, e nos seios
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios.

Essa mulher, flor de melancolia
Que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todas a quem dei
Os carinhos que nunca a outra daria.

Essa mulher que a cada amor proclama
A miséria e a grandeza de quem ama
E guarda a marca dos meus dentes nela.

Essa mulher é um mundo! — uma cadela
Talvez... — mas na moldura de uma cama
Nunca mulher nenhuma foi tão bela!

.

(Vinicius de Moraes)

13 de set. de 2010

Poema



Volta?

Yaya foi embora
Me deixou e nem tchau deu.

Yaya foi sem dar adeus
Aquele suave no pé do ouvido
De quando cuidava de meus cabelos.

Caricias e apelos
Que ficaram longe da memória
Yaya que história é essa?
Volta pra cuidar de mim.

Não faz assim com
Esse coração que nunca te repele
Não faz assim
Com esse amor
Tão seu, a flor da pele

Vai Yaya
A vida sem você
Não tem recheio
E tudo fica meio
Alheio do que devia
Pensei que você nunca iria

Mas foi
E agora sinto sua falta
Ah não Yaya, é maldade
Me deixar assim
Descalço de abraços
Vem de novo fazer essa vida
Repleta.

Sem você Yaya
Nem o poema se
C_mpl_ta

.
(Rômulo Chaul)

8 de set. de 2010

Poemette

Eu já não lembro mais do seu rosto
Nem seu nome ou o gosto do seu beijo
Não lembro se seu jeito é o que eu penso ser
Não lembro mais do cheiro que tem o seu pescoço
Só sinto o desgosto que é te esquecer

...

Volta logo menina,
Antes que eu não lembre mais quem é você

.
(Rômulo Chaul)

31 de ago. de 2010

Poemette

Pedido

Minha menina,
Sabe que essa sina
Nos faz sofrer

Sabe que essa birra
Ciúme de quem respira
Perto do seu bem-querer

Faz mal pra gente
Rouba o ar decente
Que sobra no nosso viver

Ai menina
Paciência fica a míngua
Quando age assim:

Tenha pena de mim
Finge que pelo menos
Se importa se a gente padecer.

-E ai menina, pode ser?

.
(Rômulo Chaul)

24 de ago. de 2010

Poema

A Dois


A vida tomou

Um novo significado

Agora que tenho

Você ao meu lado


Não há mais tristeza

Nem vazio ou brigas

Agora, curou-se com amor

O que um dia foi ferida


Vai querida,

Entope meu peito

Com seus cuidados

Mostre que de fato

Temos muito a acrescentar


Vai amiga,

Seja companheira

Benfeitora desse lugar

Mostre praquela gente,

Invejosa e incoerente,

O sabor de se entregar


Sim monstrinha!

Agora eu sei o que é

Fazer do seu leito, lar.

Ne me quitte pas

...

E amemos em paz.


.

(Rômulo Chaul)