26 de out. de 2008

Musica e eu

Condicional

Quis nunca te perder
tanto que demais
via em tudo céu
fiz de tudo cais
dei-te pra ancorar
doces deletérios

E quis ter os pés no chão
tanto eu abri mão
que hoje eu entendi
sonho não se dá
é botão de flor
o sabor do fel
é de cortar

Eu sei é um doce te amar
o amargo é querer-te pra mim
do que eu preciso é lembrar, me ver
antes de te ter e de ser teu, muito bem

Quis nunca te ganhar
tanto que forjei
asas nos teus pés
ondas pra levar
deixo desvendar
todos os mistérios

Sei tanto te soltei
que você me quis
em todo o lugar
lia em cada olhar,
quanta intenção
eu vivia preso

Eu sei é um doce te amar
o amargo é querer-te pra mim
do que eu preciso é lembrar, me ver
antes de te ter e de ser teu
o que eu queria, o que eu fazia, o que mais?
alguma coisa a gente tem que amar
mas o que não sei mais

Os dias que eu me vejo só
são dias que eu me encontro mais
e mesmo assim eu sei também
existe alguém pra me libertar

.
(Rodrigo Amarante)

21 de out. de 2008

Paquetá por mim

Ah! Eu sei
É assim,
Distante você,
Lá,
Longe enfim.

Mas nada,
Creio eu,
Basta ao pó
Que sou
Assim:
Sem você em mim!

Você queimou o amor
Eu sei
Nada resta agora, só!
A nossa vida, por fim,
Não vi,
Como foi dar esse nó.

E desse nó eu vi sair
Um estranho em meu lugar
De fato é bizarro, aqui,
Noite sem luar.

.
(Rômulo Chaul)

20 de out. de 2008

Poema

1778

Aonde embarca minha goianidade
Nesse Eu - sertão?
Aonde encontro um sentido
Nesse marasmo?
Estado casado com o descaso
Êta Goiás ão!

Levanta e anda,
Vai rumo a
Civilização!
.
(Rômulo Chaul)

Verbette

Do nada que tenho,
O pouco me basta...

16 de out. de 2008

Falta emoção
Sobra desastre...

8 de out. de 2008

Poemette

Sim,
Eu não sei voar
Pois parte de mim é objeto direto
Enquanto outra parte, aquela que faz chorar,
Não passa de poesia concreta!
Sim,
Eu não sei voar...
.
(Rômulo Chaul)

1 de out. de 2008

Música e eu

Barco

Choro contigo barco
Pela praia que deixas
Pelo sol que se deita
Longe das pedras do cais
Choro contigo barco
Manhã talvez não chore mais

Choro meu choro parco
Neném que a mãe não mais aleita
Choro a caça que espreita
Bem perto à mira do algoz
Choro catarinetas
Manhã alguém chora por nós

Choro contigo barco
Nas ondas vagas incertas
As nossas velas abertas
São ferramentas do caos
Chore comigo barco
A sina de todas as naus

Choro saber que os açudes
Não são o mar,
Que não se pode guardar
Em alguidares de areia

Choro o destino das sereias
E o desatino do astrolábio
Choro saber que o homem sábio
Pode morrer
Se não souber nadar
.
(Chico César)

Poemette

Entre uma anotação e outra
Me perco no mundo da poesia
Que insensata busca é essa
Pela insensatez de uma rima vazia?

....

Me perco no mundo outra vez
- Mas agora a rima ficou fria!

.
(Rômulo Chaul)

13 de set. de 2008

Poema


Sexta à noite

Se no fundo calo tudo que sinto
Minto, pra que tudo que é fundo
Sinta na voz do meu ‘calo’
A resposta do eu imundo.

O jazz e o blues que embalam
Minha insônia dessa noite,
Traduzem enfim, tudo que
Canto triste, por mim:

Eu morri milhares de vezes antes
De pensar em matar esse amor
E agora que estou decidido
A me trair de vez,
Vem você, forçar a idéia
De que foi tudo Insensatez?

Por pior que tenha sido
Fica ainda a idéia do adeus não dito
Do abraço não dado, do beijo não despedido
Ficam somente as recordações
Da agressão verbalizada,
A frustração transparecida e o amor banalizado

O jeito é ir sem jeito, pra que o calor da despedida
Não alimente falsas esperanças de algo
Que poderia ter sido, foi e ainda sim, não vingou...

.
(Rômulo Chaul)

29 de ago. de 2008

Poemette

Nosso caso de faz de conta,
Esse brincar de amar,
Já veio escrito na embalagem:
Ingira em pequenas doses
E agite bem antes de usar!

Mas não esqueça de checar
A data de fabricação
Por que se até uva passa,
Quem dirá esse amor de estação
.
(Rômulo Chaul)