13 de set. de 2008

Poema


Sexta à noite

Se no fundo calo tudo que sinto
Minto, pra que tudo que é fundo
Sinta na voz do meu ‘calo’
A resposta do eu imundo.

O jazz e o blues que embalam
Minha insônia dessa noite,
Traduzem enfim, tudo que
Canto triste, por mim:

Eu morri milhares de vezes antes
De pensar em matar esse amor
E agora que estou decidido
A me trair de vez,
Vem você, forçar a idéia
De que foi tudo Insensatez?

Por pior que tenha sido
Fica ainda a idéia do adeus não dito
Do abraço não dado, do beijo não despedido
Ficam somente as recordações
Da agressão verbalizada,
A frustração transparecida e o amor banalizado

O jeito é ir sem jeito, pra que o calor da despedida
Não alimente falsas esperanças de algo
Que poderia ter sido, foi e ainda sim, não vingou...

.
(Rômulo Chaul)

29 de ago. de 2008

Poemette

Nosso caso de faz de conta,
Esse brincar de amar,
Já veio escrito na embalagem:
Ingira em pequenas doses
E agite bem antes de usar!

Mas não esqueça de checar
A data de fabricação
Por que se até uva passa,
Quem dirá esse amor de estação
.
(Rômulo Chaul)

20 de ago. de 2008

Poema


Descrença

Ó Deus!
Eu entrego os pontos e estou a ponto de me perder
De perder de vez, tudo que em mim já valeu,
E se valeu à pena seguir-te assim,
Caminho, rumo solto, na viajem
Que me trouxe até meu fim!

Ó deus!
Aqui estou de mãos e pés atados,
Pronto para encontrar mea culpa
Ainda sim, culpo somente a mim!

Ó deus?
Cansei de ser sempre, errado enfim,
Nesse céu (seu) cinza, cor marfim,
Encaro ébrio e tonto
Restos de um lar quebrado...

Esquece!
Entrego os pontos.
.
(Rômulo Chaul)

30 de jul. de 2008

Poema

Medos e vícios

O que fazer quando a tristeza que se sente
É maior que o peito consegue agüentar?
Ela dói, engasga a gente, irrompe em lágrimas
Antes que se consegue segurar!

Morre a praça, morre o bairro, morre a alegria
De se conversar com os amigos e até de respirar
Morre tudo que se tem cor nessa vida opaca
Morre até deus, na cruz do nosso adeus.

Encaro as noites, ébrio, na esperança
De te encontrar na próxima esquina
Mas tudo que a esquina aguarda
É outra dose de solidão!

E por mais que sua indiferença doa
O mais triste é conviver só com ela
Já que o menor pedaço de ti alimenta mais
Que tudo que consumo nessa minha obsessão

.
(Rômulo Chaul)

28 de jul. de 2008

Poema



Sonho?

Quando se tem um sonho bom, o pior é acordar
O pior é perceber que era só um sonho
Eita sonho bom!
Sonho bom de ir pra frente!

Mas na vida, sonhar demais é desistir de viver
E por ele eu não vivia
Apenas sofria nesse nosso anoitecer!
Eita sonho ruim!
Sonho ruim que dá na gente!

E o que eu mais queria era um 'sim', mas ele?
Ele me apunhalou com um 'não' e ponto final.
E mais uma vez, eles não viveram felizes para sempre!
Eita sonho nosso!
Sonho nosso descontente!
Será que nosso sonho
Um dia vai pra frente?
.
(Rômulo Chaul)

26 de jul. de 2008

Musica e eu

Well I miss my mother
And I miss being her son
As crazy as I was I
Guess I wasn't much of one
Sometimes I miss her so much,
I want to hop on the next jet
And I get lonely, but I ain't that lonely yet

I go down to the river
Filled with regret
I go down and I wonder
If there was any reason left
I've just before my lungs could get wet
I'm lonely, but I ain't that lonely yet

(The White Stripes)

Poema


Com você

Eu sempre pensei que se fosse pra te ter,
Era pra ser um caso com fim!
Meio torto, por uma noite,
Algo assim!

Mas depois de te beijar,
Senti, que por mais que fosse
Simples assim,
Por uma só noite, te ter,
Não era o bastante pra mim!

E se teu beijo foi mais que inspiração
Estaria eu amarrado,
Pelas intrigas do meu maroto
Coração?

Não sei não!

Mas mesmo que fosse,
Esse teatro de palco mágico,
Eu tive enfim,
Uma bela noite, com você
Inspirada,
Noite sem fim!

.
(Rômulo Chaul)

10 de jul. de 2008

Poema


Ontem

Ontem sonhei contigo
Que há muito não sonhava
E que há muito tempo deixou
De fazer parte dos meus sonhos

Ontem acordei suando frio, trêmulo e nervoso
E aquele sentimento que tanto prezava
E que um dia se esvaiu,
Bateu novamente a porta:

Toc Toc
-Acorda!

E a porta se abriu!

Ontem te liguei aflito
Queria saber como você estava
E me lembrei o porquê,
Meu amor de você,
Um dia
sumiu!
.
(Rômulo Chaul)

24 de jun. de 2008

Poema

Gênesis


Esse poema não sabe

Como nasce,

Esse poema surge,

Quando menos se espera


Esse poema não sabe

O que dizer,

Apenas chora!


Esse doce poema sabe agora

Que a dor,

Quando atinge, demora,

A sair do peito

Da besta fera


Que agora abrigo!


...


Perigo!


Quando sara

O peito não sangra

Apenas se espanta,

Com tanto ódio amigo!

.

(Rômulo Chaul)

20 de jun. de 2008

Poema

Afonia

A morte é uma
Piada sem graça
Que termina antes
Do final ser contado

Tanta coisa se tinha
Pra fazer,
Tanta vida ainda
Pra viver,
E não resta
NADA!

Só o escuro vazio,
De uma noite
Pra sempre dormida

Falta a presença,
Faltam as aventuras,
Contadas, vividas
Falta e faz falta...

Só quem sente
Pra contar!

Anos de convivência
Que se vão ao pó
Antes mesmo de poder
Dizer adeus!

Adeus! Vá com Deus!

Vou sentir saudades!

Saudade, eis
Mais uma piada
Que o coração conta
E que não dar pra rir!

“Aí que saudade do meu paizinho”
“Quanta falta que faz minha mãe”

“Meu irmão, só queria que ele tivesse aqui”
“Podia ser eu no lugar do meu filho”

“TUDO QUE EU QUERIA É MAIS UM DIA COM ELE”

É triste sentir partir quem se ama!
Quem se dividiu cama,
Mesa, sofá, diversão e dor!

Pior ainda é saber,
Que da morte,
Ninguém sai vencedor!

...

.
(Rômulo Chaul)