6 de mar. de 2015

Poema



Ensejo

Eu tenho inveja dos casais
Dos mais banais
Aos atrevidos
Dos mais coloquiais
Aos desinibidos

Morro e sorrio
Tendo inveja dos casais
Daqueles que já vi
Sem ter vivido

Bicho tosco
Morto
Em faniquito

Tenho inveja dos casais
E ponto.

Mas nem sei se acredito


.
(Rômulo Chaul)

9 de dez. de 2014

Poema



Foi samba

Fiquei amolecida
E com vontade de te dar uns pegas

É uma pena
Não ligo por receio, remorso
Ou qualquer porra assim

Você, cicatriz de guerra
Orgulhosa, estampada no peito
Depois de alguns tantos versos imperfeitos
Para criar os meus.
Num susto,
Impulso estranho
De me surpreender

Padecer.
Medo do que sinto por dentro
Pecado. Alento.
Evoluir pra viver sem alarde

Alheio à vontade que toca
Sem jamais duvidar dos olhares:
Aqueles.
Poéticos e sofridos
Sem muito conforto no chão.

Reticencias recorrentes,
Mal resolvidas no nosso refrão.

.

(Rômulo Chaul)

20 de out. de 2014

Poema



Outubro

Um estorvo, estalo
Faz de tudo um caso
E calo

Tanta sensação
De poder, tocar
E não ter direito nenhum sobre

Foliar

E volta sambando
Sobre a esmola de sobreviver

Sumir, fugir, calar...
Esquecer que existe palavra
Que me leva

Outro lado.

Outra dose de espanto
Pra esse poeta domesticado.


.
(Rômulo Chaul)

20 de mai. de 2014

Poema




Dicotomia

Eu gosto das coisas simples
De dormir, acordar e dormir de novo
Eu gosto de coberta enrolada
Perna cruzada e braço dormente

Eu gosto daquele olhar
Carente e também voraz
Que ás vezes você me lança

Eu gosto quando a dança nos leva a desabrochar

(Eu gosto das coisas simples)
De me lambuzar, roçando no seu seio
Te abraçando em meio a olhares alheios
Em lugares impróprios
Sendo incorreto e até vulgar

São as pequenas nuances
Do seu lábio
A cara brava, irritada
Que sempre me colocam no meu lugar

- Eu sinto muito se ás vezes não sei me comportar.

Mas o jeito que você coloca o pé sobre o meu
E chama meu (sobre)nome na hora de gemer
Isso tudo me fascina.

Eu gosto das coisas simples
De ter você por perto, do lado
E em cima.

.
(Rômulo Chaul)





15 de abr. de 2014

Poema




Inquilino

Quanto tempo gasta
Pra dar uma pausa
Nesse redemoinho
De poder
E não dar basta?

Dormindo do lado errado,
No cômodo errado
Das idas e vindas
De seus rompantes de
Aventura e diversão

Quão transviadas e suadas
Estão as roupas jogadas pelo chão?

Passo em falso
Essa distância forçada
Essa mudança pro quarto ao lado
No quarto tempo de vida

Essa tentativa atrevida
De manter acesa a chama,
De manter acesa a cama
Que você sofria em fingir querer

-Quanto tempo tudo leva pra se esclarecer?

.
(Rômulo Chaul)

28 de mar. de 2014

Poema




Relance

Eu não sei nada da sua vida
Não sei nada
Das idas e vindas
De querer ser
Você

Não sei com quantos
Metros quadrados
De escárnios,
Esconde seu padecer

Mesmo assim,
De longe,
Vigio os passos mais
Rasos da sua rotina

Vigio, não nego,
Como filho pequeno
Escondido atrás
Da cortina

- Quão doce deve ser o cheiro
Das suas conversas de botas batidas?!

.

(Rômulo Chaul)

22 de out. de 2013

Poema



Cego

O peito inchado
E corroído
Doído de maneiras tais
Em frente a olhos vulgares
E mais:

Todos atentos e eu
Aos ventos com sua traição.

Está na cara
Custando os olhos da tara
E ainda sim...

Depois de filmes e livros que li
Concordo com Jeneci:

A gente é feito pra acabar.

.

(Rômulo Chaul)

17 de out. de 2013

Poema



Te vejo em fotos
E não reconheço
Não vejo os laços
Que me atraem

Não sinto mais
O mesmo cheiro
De roupa de dormir
Não sinto mais seu calor
Em meus quintais

Sempre foi
O tato
De bom grado dado!
Enfatizei.
E tentei:
Não ser escravo desse amor


Cravo que apertei

.
(Rômulo Chaul)

6 de dez. de 2012

Poema




Mudo

Escassa desse jeito
No leito
Que eu de roga
Domei pra meu
E disse a toda prova:
Sou seu, Senhora!

Mostro um lado
Fraco e ralo
Como quem paga amor
Por hora

De ponto morto
Sabendo aos poucos
Sufocar o que grita:
Estou pronto!
(mentira)

Limpa um pouco
Do amor rouco
Que rasgara
Outrora
E me faz rir

Força no ato
Do contato
O pensamento de desistir

.
(Rômulo Chaul)

5 de nov. de 2012

Poema


Deleite

Você que usou
E abusou
De carinhos, carismas
Beijos e afagos
Tem agora
Do outro lado
A rotina da decepção

Volta
Dando meia volta
Ao início
Princípio do que era:
Desilusão

Não mais Paris
Ao meu lado
Não mais risos largos
De quem prova
Liberdade

Você já tem a idade
Pra decidir
Já tem a cara à tapa
Doida pra ferir

Foi você quem escolheu
Seus próprios motivos
Pra sorrir

.
(Rômulo Chaul)