28 de set. de 2009

Música e eu

O Que Será (À Flor da Pele)

O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita

O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os ungüentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite

O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os tremores me vêm agitar
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os suores me vêm encharcar
Que todos os meus nervos estão a rogar
Que todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo.

.
(Chico Buarque)

21 de set. de 2009

Poema



De volta ao amor


Eu preciso me reorganizar.

Não estou em paz ainda.

Preciso de um porto, um cais.

Um lugar pra descansar as feridas

Mas fico sem saber o que fazer.

Às vezes, minha alma se finda.


Entre corações dilacerados

Corações apaixonados,

A dualidade me move

E comove, fazendo de mim,

Marionete do meu coração.

Vazio e oco, apaixonado e cantante

Verbo, vertente e montante,

Canto, ligo, beijo e paixão.


O príncipe virou sapo

E nem me deu tempo

De chorar.

Verdades insanas, vida profana

Mel que se foi no ar.

O romantismo acaba e o que me resta

É o realismo

Com sua sinceridade mórbida

Que te acorda no meio da noite

Pra dizer: - Relaxa, fico com você.


O príncipe era um sapo

Que quando o amor acaba,

Te devolve para casa.

E sobra a saudade,

Que dói na gente.

E de filme em filme

Com sorvete e brigadeiro,

Percebi que preciso me apaixonar de novo...

Dessa vez, acordei achando tudo diferente!


.

(Rômulo Chaul)


Poetas e eu

"Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou!
Daqui estou vendo o sangue
que corre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem,
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã."

(Drummond)

17 de set. de 2009

Poema



Não era


"Não era amor, era uma sorte.

Não era amor, era uma travessura.

Não era amor, eram dois celulares desligados...

Eu não amei aquele cara.

Eu tenho certeza que não.

Eu amei a mim mesma naquela verdade inventada


Onde é que eu estava com a cabeça,

De acreditar em contos de fada,

De achar que a gente muda o que sente...

Talvez eu não seja adulta o suficiente

Para brincar tão longe do meu pátio,

Do meu quarto, das minhas bonecas..."

Das minhas pálidas verdades indiscretas


Não era amor, era uma brincadeira.

Não era amor, era balão sem ar.

Não era amor, eram dois corações perdidos...

Eu não amei aquele cara

Mas mesmo com o fim,

Sinto que falta algo, um pedaço de mim que lá ficou.


Onde é que eu estava com a cabeça,

De acreditar que tudo é pra sempre,

De achar que o grande amor existe...

Talvez eu não seja mulher o suficiente

Para sair de casa sem proteção,

Achar que minhas defesas me valem

Que nada me atinge...

Talvez meu padrão seja a imperfeição...

A dúvida persiste.


.

(Rômulo Chaul)

15 de set. de 2009



Foge então


Ela provoca, atenta

Desfoca minha visão

Ela sabe que quer,

Mas mesmo assim,

Finge que não.


Tentação constante

Regente dessa

Emoção

Coração batendo

Mesmo preso no

Caixão.


Beijo ardente

Iluminando

O apagão.

pagão!


.

(Rômulo Chaul)


13 de set. de 2009

Poema


Afinação

Veja bem, a que ponto chegamos?
Cadê o amor que havia aqui?
Pra onde foram tantos planos?
Sonhos,
Que foram feitos deles?
Tolos sonhos de amor...
Que bons tempos aqueles!

Tempos, que não voltam mais
Amor de bambolê, amor que vai e vem
Amor que leva e trás
Estranho esse amor,
Que nunca fica em paz!

Agora já não sei mais se vale à pena
Agora já não sei, nem se quero mais!
Chora minha alma pequena...
Daqui, o amor passou longe demais!
.
(Rômulo Chaul)

3 de set. de 2009

Música e eu

Desalento

Sim, vai e diz
Diz assim
Que eu chorei
Que eu morri
De arrependimento
Que o meu desalento
Já não tem mais fim
Vai e diz
Diz assim
Como sou
Infeliz
No meu descaminho
Diz que estou sozinho
E sem saber de mim

Diz que eu estive por pouco
Diz a ela que eu estou louco
Pra perdoar
Que seja lá como for
Por amor
Por favor
É pra ela voltar

Sim
Sim, vai e diz
Diz assim
Que eu rodei
Que eu bebi
Que eu caí
Que eu não sei
Que eu só sei
Que cansei, enfim
Dos meus desencontros
Corre e diz a ela
Que eu entrego os pontos

.
(Chico Buarque)

18 de ago. de 2009

Poema

Descoberta

Eu sei que assim como eu,
Você sente
Pode até negar, finge que não vê
Mas no fundo sabe que é inevitável
O sentimento reprimido, a vontade escondida
Um fingir inabalável

É estranho,
Tão pouco tempo, tanta saudade!
Na solidão da minha noite, te grito
Te busco na companhia do meu filme solitário
E nem mesmo o mais alegre canário
Canta!
(Quando você não está aqui!)

Quando você não está aqui
O tempo é eterno,
A ferida não cura, a dor não passa
A felicidade é um trem distante
Que insisto em perder
A alegria é visita tardia,
Que sempre diz:
- Eu passo outro dia!

Se é que passa...
Dormir fica impossível
Transito noites em claro
E assim:
Percebo o quanto sou falho.

Nunca fui o que você queria!
Até que fui bem, no começo
Nós sempre somos,
Mas ai o trem desanda,
O amor sai de compasso
Amar vira uma folia...
E é nessa hora que percebo:

Depois do brilho a agonia!

.
(Rômulo Chaul)

13 de ago. de 2009

Música que eu queria que você cantasse pra mim

Por favor não me deixe

Não sei se eu poderia gritar mais alto
Quantas vezes eu te expulsei daqui?
Ou disse alguma coisa insultante?
Eu posso ser tão má quanto eu quiser ser
Eu sou mesmo capaz de qualquer coisa
Eu posso te cortar em pedaços
Quando o meu coração está...partido

Por favor não me deixe
Por favor não me deixe
Eu sempre digo como eu não preciso de você
Mas sempre vai voltar pra isso:
Por favor, não me deixe

Como eu me tornei tão detestável?
O que você tem que me faz agir desse jeito?
Eu nunca fui tão indecente
Você pode me falar que isso tudo é só uma disputa?
Aquele que ganha é quem bater mais pesado?
Mas amor, eu não quis dizer isso
É sério, eu prometo

Por favor não me deixe
Por favor não me deixe
Eu sempre digo como eu não preciso de você
Mas sempre vai voltar pra isso:
Por favor, não me deixe

Eu esqueci de dizer bem alto
O quanto você realmente é querido pra mim
Eu não posso ficar sem você,
Você é o meu perfeito saquinho de pancadas
E eu preciso de você, me desculpe.

Por favor não me deixe...

.
(Pink)

http://www.youtube.com/watch?v=ddZPrJ8ROto

11 de ago. de 2009

Música e eu

Senhas

Eu não gosto de bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto dos bons modos
Não gosto

Eu aguento até rigores
Eu não tenho pena dos traídos
Eu hospedo infratores e banidos
Eu respeito conveniências
Eu não ligo pra conchavos
Eu suporto aparências
Eu não gosto de maus tratos
Mas o que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto dos bons modos
Não gosto

Eu aguento até os modernos
E seus segundos cadernos
Eu aguento até os caretas
E suas verdades perfeitas
o que eu não gosto é de bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto dos bons modos
Não gosto

Eu aguento até os estetas
Eu não julgo a competência
Eu não ligo para etiqueta
Eu aplaudo rebeldias
Eu respeito tiranias
E compreendo piedades
Eu não condeno mentiras
Eu não condeno vaidades
o que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto dos modos
Não gosto

Eu gosto dos que têm fome
Dos que morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem...

.
(Adriana Calcanhotto)